Insuficiência de profissionais, terceirização de serviços, falta de insumos básicos, equipamentos de baixa qualidade, necessidade de concurso público para médicos plantonistas e insalubridade de grau máximo para os trabalhadores da linha de frente do combate à Covid-19. Esses são alguns dos problemas e necessidades relatados pelos servidores da urgência sobre a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dom Orione, em Ouro Preto. As deficiências do local foram levantadas pelos funcionários das unidades e discutidas em reunião entre o Sindsfop e a gestão municipal, nesta última sexta-feira (28).
O aumento significativo e recente das demandas dos serviços na unidade de urgência e emergência municipal acontece em decorrência dos impactos socioeconômicos provocados pela pandemia de Covid-19. Segundo os servidores da UPA, a descompensação de quadros crônicos e viroses, além do crescimento do número de atendimentos, sobretudo de usuários migrantes da rede privada para o Sistema Único de Saúde (SUS), são os principais fatores da alta procura dos serviços da assistência secundária à saúde.
Além disso, a situação da saúde da população de Ouro Preto vem se agravando nas últimas semanas, de acordo com os boletins diários da Covid divulgados pela prefeitura e com a regressão do município para a “onda vermelha”, do plano Minas Consciente. O aumento vertiginoso de casos respiratórios entre pacientes e servidores provoca o afastamento e, consequentemente, o desfalque nas equipes em um momento de alta busca por atendimento nas urgências.
Esses fatores, além das evidentes dificuldades relatadas pelos servidores, têm gerado transtornos no atendimento à população e o adoecimento dos trabalhadores do setor. Esta grave situação, expõe a necessidade de otimização do planejamento por parte dos gestores da saúde municipal. Com isso, a pedido da diretoria do Sindsfop, a gestão municipal se reuniu com a diretoria sindical para discutir a extensa lista de demandas dos servidores da UPA Dom Orione e também apresentar propostas de soluções.
Foram discutidas também as demandas do Complexo de Saúde de Cachoeira do Campo, como: a contratação de um pediatra 12h para auxiliar os clínicos que estão sobrecarregados atendendo adultos e crianças; a descentralização dos Postos de Saúde; e o aumento do número de especialidades oferecidas no distrito, conforme apontado pela diretora do Sindsfop, Marine Samor.
Participaram do encontro, os diretores sindicais e servidores da saúde, Gustavo Freitas e Marine Samor – médica plantonista da unidade de urgência e emergência municipal – , a vice-prefeita, Regina Braga, o secretário de Saúde, Leandro Moreira, a secretária de planejamento, Crovymara Batalha e os vereadores Naércio Ferreira e Vantuir.
Uma nova reunião foi agendada para o final de fevereiro, a fim de que o município avalie a viabilidade e tratamento das demandas apresentadas e traga resoluções.
Demandas da UPA Dom Orione, segundo os relatos dos profissionais:
- Escala insuficiente de profissionais médicos para a alta demanda de atendimento (relatos de até 150 atendimentos/dia/plantão);
- Dificuldade e/ou lentidão na contração/reposição de servidores;
- Alta rotatividade de médicos terceirizados, o que acarreta uma perda na qualidade e no planejamento do atendimento;
- Quantitativo insuficiente de técnicos de enfermagem para suprimento da demanda;
- Ausência de enfermeiros nos plantões noturnos;
- Fluxo de atendimento cruzado: rodízio de profissionais realizando atendimentos simultâneos de pacientes com sintomas respiratórios e não respiratórios, aumentando assim o risco aos trabalhadores e usuários;
- Falta e/ou dificuldade de reposição de insumos básicos, como: sabonete e papel toalha;
- Baixo quantitativo de equipamentos básicos para atendimento, como: somente 1 glicosímetro e 1 medidor de temperatura digital para todos os atendimento da unidade, entre outros;
- Equipamentos de baixa qualidade, apresentando defeitos frequentes, gerando transtornos no atendimento;
- Falta e/ou demora na manutenção dos equipamentos de urgência, como: respiradores, monitores, entre outros;
- Atrasos ou faltas frequentes dos motoboys que transportam os exames coletados para o laboratório, o que ocasiona recoletas constantes, dificultando o fluxo de trabalho e gerando transtornos no atendimento;
- Ausência de treinamento, por parte do laboratório, para os profissionais do setor, ocasionando erros frequentes na realização de exames;
- Ausência de feedback às demandas relatadas pelos servidores aos seus superiores;
- Alta demanda de atendimento em finais de semana, feriados e recessos, períodos nos quais a Atenção Primária à Saúde não atende;
- Dificuldade de dimensionamento das demandas e articulação das urgências da UPA e Santa Casa;
- Alta demanda de atendimento pediátrico proveniente no Complexo de Saúde de Cachoeira do Campo;
- Dados de fluxo de demanda na pandemia incompatíveis com a realidade.
Sugestões de soluções:
- Inclusão de vagas para clínicos e pediatras 24h no concurso público;
- Aprimoramento do planejamento de reposição para os profissionais que irão se aposentar;
- Contração do quantitativo suficientes de técnicos de enfermagem e enfermeiros para atendimento da real demanda de serviço;
- Implementação de adicional financeiro aos profissionais da urgência, sobretudo aqueles da linha de frente ao combate a Covid-19;
- Implementação de adicional financeiro aos profissionais da urgência em feriados e recessos;
- Pagamento de insalubridade grau máximo aos servidores do fluxo de atendimento cruzado;
- Contratação de pediatra 12h para atendimento no Complexo de Saúde de Cachoeira do Campo;
- Verificar se a ausência de insumos básicos é consequência da ineficiência na execução dos serviços ou do fornecimento de materiais básicos;
- Melhorar o tempo de resposta da coordenação para os problemas relatados pelos servidores;
- Cobrar da empresa responsável pela locação dos equipamentos da urgência o cumprimento integral contrato, sobretudo a manutenção dos equipamentos em até 24h e o treinamento dos profissionais;
- Cobrar da empresa responsável pelo laboratório o treinamento dos profissionais;
- Aperfeiçoar o planejamento do controle e preparo da pediatria na volta às aulas;
- Aquisição de equipamentos de melhor qualidade;
- Aprimoramento da articulação com a Santa Casa, a fim de otimizar o dimensionamento de fluxo entre as urgências;
- Melhorar o dimensionamento de todo o fluxo de atendimento da UPA.
A diretoria do Sindsfop segue empenhada na luta pela valorização do servidor público municipal e por melhores condições de trabalho, para isso, reafirma seu compromisso de defender e negociar melhorias dos direitos dos servidores.
SINDSFOP GESTÃO 2021/2024
“Diálogo, transparência, independência e base de luta”